Jean-Yves Durand
Centro em Rede de Investigação em Antropologia - Universidade do Minho
Jean-Yves Durand, doutorado em antropologia, ensina na Universidade do Minho. É membro do Centro em Rede de Investigação em Antropologia, coordenador editorial da colecção Etnográfica Books. Foi docente convidado na École du Louvre e director do Museu da Terra de Miranda. Observa as interacções entre saberes e poder e as relações entre políticas públicas e atitudes individuais ou colectivas em certas áreas da saúde (a vacinação) e da cultura (museus, artesanato, festas), salientando a relevância actual das noções de “confiabilidade” e de “reconhecimento”.
Comunicación
A solidão do apostador de fundo
Temos assistido nos últimos anos a um forte aumento do recurso de uma igualmente crescente diversidade de jogos de aposta e da sua visibilidade social. Na Europa, são controlados de maneira mais ou menos exclusiva ou directa pelo Estado que encontra neles uma fonte de rendimentos substanciais. Ao objectivo habitual de tornar raros apostadores sortudos em milionários instantâneos juntaram-se ultimamente alguns novos incentivos: recompensar a decisão de ultrapassar uma reticência perante a vacinação; ajudar a financiar políticas pública do património cultural… Estas inovações alimentam polémicas em que nem sempre é fácil destrinçar habituais críticas moralistas e preocupações sociais perante uma actividade que se pode tornar uma dependência, em particular entre pessoas mais pobres.
Num tempo que tem encontrado uma maneira radical de centrar a nossa atenção sobre a importância de todas as dimensões do elo social, um olhar etnográfico e comparatista pode ajudar a esclarecer algumas implicações de uma actividade eminentemente solitária e alicerçada numa esperança individualista mas que não se pode desenvolver sem um envolvimento mutualista do colectivo.